Por: redação / ComunidadeNews.com
O Brazil News, pioneiro da imprensa comunitária nos Estados Unidos, completou 40 anos. Para falar sobre a iniciativa inédita no país, ninguém melhor do que Al Sousa, idealizador e fundador do jornal que abriu as portas para as várias publicações brasileiras existentes.
A primeira edição do Brazil News foi lançada exatamente em 7 de setembro de 1969. Periódico de 12 páginas e totalmente em português, o jornal tinha como foco os brasileiros que viviam na América. A publicação durou cerca de 5 edições, mas o espírito empreendedor de Al Sousa serviu para abrir caminho para as atuais mídias comunitárias brasileiras nos Estados Unidos.
Por telefone ao Comunidade News, Al destacou a versatilidade dos jornalistas brasileiros no país. Segundo ele, o jornalismo é inato. Filho de um jornalista, decidiu seguir os passos do pai e falou com orgulho do início da profissão, até a fundação do Brazil News.
Depois de trabalhar pelo ‘Diário de Notícias’, Al passou pelo jornal ‘A Noite’ e pela antológica ‘Rádio Nacional’, onde foi produtor do conhecido ‘Repórter Esso’. A profissão de jornalista era vista como esquerdista, e o exercício ficou difícil depois do golpe militar de 1964. Al Sousa foi então “aconselhado” a tirar licença não remunerada do cargo público de técnico em Comunicação Social, ligado ao Diário Oficial.
Acompanhado da esposa e do filho, chegou a Nova Iorque em 1968, Al ainda foi correspondente do Diário de Notícias. Com os pedidos cada vez mais raros da redação no Rio de Janeiro, o brasileiro conseguiu um emprego de relações públicas na extinta companhia aérea Varig. Mas a idéia de voltar a dar notícias nunca abandonou Al, e ele decidiu fundar o Brazil News.
É com muito orgulho que Al guarda o primeiro exemplar do Brazil News, naturalmente amarelado pelo tempo. Muito humilde, resiste à idéia de carregar o título de ‘Pai do Jornalismo Comunitário Brasileiro nos Estados Unidos’. “Seria muita ousadia e pretensão me intitular deste jeito”, disse ele, complementando que os profissionais brasileiros são muito bons. “São preciosos, vão até o fundo. Nossa mídia nos Estados Unidos é excelente”.
Apesar de não atuar mais tão intensamente, Al Sousa mantém os laços com a profissão através da coluna ‘Periscópio’ do AcheiUSA, jornal que pertence ao sobrinho dele, Jorge Nunes, e do qual é Presidente Honorário. Sempre com humildade, declarou que conquista respeito e distinção por onde passa. “Não preciso escrever nada para aparecer. Sou um ancião que conseguiu se realizar”.
Missão cumprida
Ainda olhando para a primeira edição do Brazil News, o mineiro de Uberlândia mas carioca de coração tem a sensação de que as coisas poderiam ser melhores. “Sinto uma certa emoção, o jornal me deu um trabalho monstruoso”. Era o próprio Al quem distribuía a tiragem de mil exemplares, ajudado pelo motorista da agência de turismo de propriedade do judeu Abraão Utler, o qual mais tarde se tornaria sócio.
Al Sousa confidenciou que o Brazil News não teve continuidade por conta da falência de Utler. “Eu não tinha capital”. Ele gostaria sinceramente de levar o projeto adiante, mas no fundo considera que cumpriu com o próprio dever. “A sensação, depois de tantos anos, é que fiz por meus compatriotas o que outras pessoas de boa intenção fariam, ou seja, apoiar este núcleo que hoje é bem elevado de cidadãos que representam o nosso país”.
Perguntado sobre o que é necessário para ser um bom jornalista, Al Sousa repetiu as palavras do pai, o qual era tão brilhante como jornalista quanto como escritor. “Muito simples, pegue a sua máquina de escrever e comece, o resto é talento”. Era muito mais trabalhoso escrever naquele tempo, pois não era possível corrigir o texto de forma instantânea como nos dias de hoje, graças aos computadores.
A definição dada pelo próprio Al reflete a experiência de mais de 40 anos. “O jornalista é uma pessoa analítica, usa esta capacidade para analisar os fatos. Transpõe para nós o que ele acha que devia ser feito. Isto só com talento você descobre como produzir”.
Na opinião de Al Sousa, o conjunto deste talento natural, aliado à garra do jornalista brasileiro, faz a imprensa comunitária brasileira dos EUA crescer. Ele acredita que existam muito bons profissionais brasileiros nos Estados Unidos, que produzam algo de muito útil para a comunidade. Mas ainda sente falta de algo. “Precisamos nos unir. Possivelmente teremos uma voz dentro da opinião pública americana”.
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